As inquietações das crianças
Vou comentar sobre um livro que o escritor Júlio Gonçalves Dias lançou há dois anos pela Editora Formato/Saraiva, “A menina e o Sol”, que foi ilustrado por Constança Lucas. Este livro já faz parte do projeto Livro na sala de aula da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo.
O texto, por meio do diálogo entre mãe e filha, aborda inquietações de uma criança, inclusive o delicado tema da morte. Quem descreve bem a obra é a educadora Madalena Freire: “A Menina e o Solretrata, de maneira sensível e poética, os “porquês” das crianças. Perguntas simples, e, por isso mesmo, tão profundas, sobre a existência, o mundo, os afetos e a vida.
Não é por acaso que Júlio Gonçalves Dias, tem formação em Filosofia (além de ser sociólogo). Muitas das perguntas que as crianças se fazem, especialmente nesta idade que “A Menina e o Sol” representa, têm a possibilidade de um aprofundamento tão bem lapidado e sensível, dentro de um curto diálogo na essência que o fio da pergunta lança. É um diálogo bem dosado que instiga o “desembrulhar” da menina para outras e mais outras perguntas… sendo fiel às inquietações das crianças ao se debruçarem, curiosas, para conhecer o mundo.
Fica aqui, portanto, a sugestão de mais um obra para ser apresentada às crianças.
Editora: Rosa Maria Miguel Fontes
Criança é perguntadeira mesmo, disso todos sabem, contudo, poucos percebem a beleza que há por trás desse fato. Tal beleza não se encontra simplesmente no desejo infantil de conseguir resposta para tudo, mas muito mais na intencionalidade das perguntas. E é exatamente esse olhar atento ao que há além da questão o que nos traz o escritor Júlio Gonçalves Dias com o seu livro A MENINA E O SOL.
A obra apresenta uma menina curiosa que, logo de início, indaga sua mãe sobre o que é o sol. Como era de se esperar, a resposta não satisfaz a garota, mas, pelo contrário, traz novas dúvidas e novas perguntas. A mãe, pacientemente, tenta responder a tudo, e logo se evidencia que a vida é mais complicada e misteriosa do que aparenta...
A essência da história está na natureza humana da indagação, de querer conhecer a razão das coisas, como o mundo funciona... Num sentido mais amplo, acaba-se por chegar à clássica questão filosófica: “qual é o sentido da vida?”
É claro que isso não é respondido (pelo menos não racionalmente), mas digamos que algumas alternativas nos são oferecidas pela protagonista: será que o sentido da vida está naquele calorzinho gostoso que ganhamos num abraço do sol? Ou será que o sentido da vida está na alegre saudade que sentimos de quem amamos?
Como a menina perguntadeira, cada um de nós tem de encontrar suas próprias respostas (ou perguntas?). Mas só de ler este livro você já estará num bom caminho.
Complementando o singelo texto de Júlio Gonçalves, as ilustrações de Constança Lucas oferecem novas significâncias à narrativa. Com técnica mista e a predominância de cores quentes, Constança consegue transmitir o mesmo calor que a menina segura sobre os olhos.
Enfim, A MENINA E O SOL trata-se de leitura agradável e provocadora, nos fazendo resgatar os valiosos “porquês” de uma curiosa e eterna infância.